Quarta-feira, 30 de Novembro de 2005
«I know not what tomorrow will bring»
Fernando Pessoa
Sexta-feira, 25 de Novembro de 2005
Nesta última semana foram-me dadas algumas oportunidades para alimentar a criança que há em mim. Na quarta-feira estacionei o carro num local cheio de folhas amarelinhas, castanhas, "crocantes" e pude, discretamente, mas com uma alegria pueril interior, calcá-las e sentir o "crac", "crac" que adoro desde miúda.
Ontem, andei a escolher brinquedos para oferecer a crianças desfavorecidas e pude percorrer os corredores, pegar em bonecos, ver jogos. Depois, acabei por também, para contribuir numa campanha de apoio à criança, comprar um peluche. Hesitei em depositá-lo no cesto os brinquedos para as crianças, mas acabei por trazê-lo para casa, ficarei com ele talvez ainda mais algum tempo, mas depois vou dá-lo, para dar alegria a outra criança que não apenas a que existe em mim.
E hoje, vi um arco-iris que é sempre algo que me dá uma vibração estranha e pueril.
Em sonhos me vens
para me mostrar o que é impossível
Em sonhos vens agitar
emoções dolorosas
Em sonhos vens
Em pensamentos ficas
Quinta-feira, 24 de Novembro de 2005
Em Aveiro foi criada uma rede de bicicletas de utilização gratuita, a BUGA. A ideia era aproveitar o facto de a cidade ter as condições ideais para a utilização deste veículo e promover o recurso a outros meios de transporte que não o automóvel. Não foi preciso esperar muito tempo para que se vissem abusos de utilização deste serviço que ainda considero excepcional: houve quem se apropriasse da bicicleta, a desmontasse, lhe pusesse cadeados para que ninguém mais usufruisse dela, ultrapassasse as placas indicadoras de limite para a sua utilização. Desde logo, a Câmara Municipal percebeu que o sistema de "meter a moeda na ranhura", não era eficaz. Foi necessário criar uma espécie de "polícia" das Bugas, para recuperar algumas das bicicletas extraviadas (porque muitas terão desaparecido do mapa) e a BUGA esteve quase em riscos de extinção.
Este Verão tive a visita de familiares e decidimos dar um passeio de Buga pela cidade. Foi uma tarde extraordinária e pude constatar que a Buga era uma bicicleta cómoda, adaptável a qualquer tipo de pessoa e tive muito orgulho na sua existência.
Contudo, hoje, ou melhor, ontem, vim a saber que a Buga está a ser usada para a prática de crimes. Fiquei estarrecida, mas sei de fonte segura que a Buga está a ser usada para a prática de assaltos e, pior ainda, para tráfico de droga.
Não sei dizer ao certo o que senti ao saber disto, talvez uma grande tristeza por ver como um objecto criado para contribuir para a saúde dos seus utilizadores, está a ser usado por alguns com o objectivo contrário.
Quarta-feira, 23 de Novembro de 2005
#1#
Provavelmente só alguns dos intervenientes e alguns insones viram, mas ontem, ou melhor, esta madrugada, fiz uma pequena aparição televisiva. O facto teve tanta importância na minha vida que não vi e até me esqueci de gravar. Tratou-se de uma pequena reportagem da televisão da Universidade a propósito dos cursos livres de línguas. Por acaso a professora lembrou-se de gravar a emissão e de a mostrar hoje na aula, senão não teria visto o meu perfil que aparece de relance e a minha imagem de costas. E pronto, agora já posso dizer que apareci na televisão. Fica aqui o registo para memória futura.
#2#
Como resolver uma branca momentânea numa aula? Fingir que estamos a testar os alunos. Por um lado, ganhamos tempo para nos recordarmos, por outro, pode ser que algum saiba e retire da nossa boca a palavra que não quer sair...
#3#
Deixei esta para o fim porque sinceramente me irritou. Parece que o Papa decretou que deveriam ser expulsos dos seminários todos aqueles que revelassem tendências homossexuais. Se a Igreja Católica quer ficar sem padres, problema dela, agora que o Papa se refira à homossexualidade como um pecado, uma aberração da natureza, fale em "cura" das tendências e associe homossexualidade a pedofilia, aí já é ir longe de mais! Um pedófilo não é necessariamente um homossexual, e muito menos um homossexual é um pedófilo. É evidente que houve exemplos terríveis no seio da Igreja, mas isso não se justifica que o Papa lance tal decreto claramente discriminatório que, temo mesmo, que possa vir a justificar ataques homofóbicos por parte de sectores conservadores e de extremistas. Parece que a fama de nazi desse senhor se está a revelar com toda a força.
Segunda-feira, 21 de Novembro de 2005
#1#
Ontem estive a ver o Matrix Reloaded. Filme de muita acção, muitos efeitos especiais e com muita coisa para explorar. Contudo, tal como já me havia acontecido com o visionamento do primeiro Matrix, fiquei com a mesma ideia de que a grande base da história é o amor.
#2#
Parece que hoje é o dia da saudação. Cada vez menos se diz olá, bom dia e muito menos a um desconhecido. A minha professora de Russo ficou admirada quando chegou cá a Portugal que as pessoas a cumprimentassem com "olá, tudo bem?" e continuassem a andar sem esperar resposta. Esta é a perspectiva de uma estrangeira, mas eu também quando comecei a crescer, estranhei esse procedimento, porque estava habituada a parar e falar com os meus vizinhos (pessoas bastante mais velhas do que eu que me perguntavam essencialmente como ia a escola e pelos meus familiares). Hoje em dia, faço exactamente a mesma coisa, a não ser, claro, em casos especiais, mas é comum as pessoas idosas continuarem a fazer-me parar.
#3#
Daqui a sensivelmente meia-hora terá início um debate sobre questões da educação. Não tenho grandes expectativas, sei que a senhora ministra continuará a tomar uma atitude sobranceira, numa perspectiva do «quero, posso e mando», sem atender nem entender os reais problemas que afectam o ensino.
Domingo, 20 de Novembro de 2005
Estive ontem a rever o filme Matrix (o 1.º) e cada vez mais acho que a a essência do filme não é a polémica sobre qual o mundo real ou qual o virtual (isso já está nas teorias socráticas, se calhar até já existia antes disso). Para mim o importante no filme é o amor e a amizade. Reparem que foi o amor da Trinity, e o facto de ela acreditar no Neo assim como Morpheus que fizeram com que Neo regressasse à vida e acreditasse que era o Escolhido. Parece-me que nós até podemos ter consciência do nosso valor, mas se outros acreditarem em nós, então as nossas forças redobram e podemos ser fortes, muito fortes.
Sábado, 19 de Novembro de 2005
Odeio estar doente. Detesto. Tenho a mania de tentar enganar a doença, mas a gaja é mais esperta do que eu. Engano-a durante um dia e canto vitória, mas depois ela aparece no outro, mais forte, cheia de novos truques e com novos nomes. E pronto, cá estou eu cheia de drogas, obrigada a recorrer à invenção do senhor Fleming e esperando que me consiga livrar dos alfinetes que se parecem ter instalado na minha garganta, dos arrepios, dos espirros e das dores de cabeça rapidamente...
Sexta-feira, 18 de Novembro de 2005
Se olharem para a barra do lado esquerdo, vão encontrar no título Impressões Solidárias um pequeno banner que os leva até uma página de apoio à Associação Ajuda de Berço. Nessa página podem auxiliar a associação contribuindo como algo tão simples como um clic. Podem também descobrir mais sobre a Associação e sobre outras formas de contribuir hoje, amanhã, todos os dias.
Quinta-feira, 17 de Novembro de 2005
Tarefas domésticas nunca foi coisa que apreciasse, mas há algumas coisas que me agradam. Uma delas é fazer uma cama de lavado. Adoro o cheirinho dos lençóis que se estendem na cama e se alisam e ainda de satisfazer uma fantasia que me ficou desde a infância: poder saltar em cima do colchão no intervalo entre o tirar a roupa suja e o colocar da roupa limpa. Lembro-me quando era criança e ainda dormia numa cama pequenina, de me infiltrar no quarto dos meus avós, na altura em que a minha avó tinha retirado a roupa, mas ainda não tinha feito a cama. A cama deles era larga e comprida e eu adorava ir para lá saltar, dar cambalhotas, no fundo fazer da cama um trampolim e tentar tocar no tecto, tudo o que não podia fazer quando lençóis, cobertores e colcha estavam correctamente alinhados porque arriscava-me a uma grande repreensão da minha avó (o que ainda aconteceu algumas vezes).