Dia 9 termina mais um ciclo da minha vida. A minha colega vai regressar e eu vou embora. Uma parte de mim queria que isso acontecesse: a parte que se encontra cansada, esgotada, entristecida com os problemas causados pelos alunos. Contudo, outra parte, a que já se afeiçoara aos alunos e ao local, tem pena de ir embora. E, outra parte está apreensiva por de novo ter de entrar no ciclo do desemprego.
Não tenho gostado da maneira como me tenho comportado nos últimos tempos. Tenho-me abandonado demasiado à preguiça, ao comodismo, à imobilidade. Dei por mim a querer fugir dos problemas, a desejar sair daqui para não ter de os enfrentar e não quero continuar a fazer isso. Por isso está na altura de soltar de novo a guerreira que há dentro de mim e agir a todos os níveis.
Não adianta de nada ficar a olhar para as paredes, desejar que os dias passem, ou que as coisas mudem graças a factores externos. Por isso, estou a voltar a olhar para mim, para fora e para dentro. Afinal não custa assim tanto organisar-me, deitar-me um bocadinho mais cedo e levantar-me mais cedo também, fazer um pouco de exercício, fazer aquilo que tem de ser feito hoje e não adiar as coisas para outro dia. Afinal não custa assim tanto arriscar, tomar outra iniciativa, falar com os superiores, impor a disciplina, manter a casa limpa e cuidar de mim.
Na quinta-feira decidi ir dar mais um passeio à beira-mar. A ideia até era ir de comboio até ao Monte Estoril e depois daí ir até Cascais, mas não me apeteceu ficar à espera do comboio e acabei por ir directa à praia. Notei logo uma grande diferença em relação às outras vezes que lá tinha ido: as ondas eram enormes e quase impediam a passagem. Acabei por arriscar um banho de água salgada e continuei a caminhar.
A água saltava os muros, galgava os espaços de lazer, ameaçava cair sobre mim e, no entanto, eu não era capaz de voltar para trás porque as ondas cantavam, explodiam, formavam uma orquestra. A força do mar, as gotas de água que num repuxo suave caíam em cima de mim, as águas revoltosas deram-me uma alegria pueril e a força necessária para continuar a caminhar naquele final de tarde. Que maravilha!
Gostei muito. Ouvir textos de que já nem me lembrava de ter escrito por uma das vozes radiofónicas femininas mais bonitas, a da Sofia Morais, foi emocionante. A selecção de textos foi curiosa, uma das músicas foi certeira a condizer com o texto porque também esteve ralacionada com a sua produção. Em suma, não me arrependi nada de me ter inscrito.
Para quem quiser ouvir, é só seguir o link:
http://radiocomercial.clix.pt/destaques/blog_radio/index.asp
O meu blogue vai dar um programa de rádio. Olhem para mim toda babada e entusiasmada. Ah, pois é, não podem ver. Pronto, imaginem! Eh, eh, eh, eh.
Mas é verdade, a Rádio Comercial seleccionou o meu blogue para ser destacado no programa "O meu blog dava um programa de rádio". O programa vai passar no sábado às 6 da manhã e no domingo às 20 horas. Se não conseguirem ouvir, não se preocupem porque eles costumam publicar na internet partes da emissão. Ou pensavam que se livravam de ouvir os meus textos lidos por, espero eu, uma voz bonita e acompanhados de boa música?
Se tudo correr bem, na próxima sexta-feira faço mais uma viagem, gastando três horas e meia e passando por 3 meios de transporte diferentes. Tudo isso para quê? Para ir votar.
Não vou aqui tecer qualquer comentário sobre a minha posição face ao tema a referendo, apenas manifestar porque é importante para mim deslocar-me novamente este fim-de-semana a Aveiro:
Muita gente lutou, sofreu e até morreu para que eu pudesse hoje ter o direito de expressar a minha opinião.
E nem que seja para votar em branco, a não ser que esteja mesmo incapacitada, não deixo de me deslocar à mesa de voto sempre que para tal sou chamada.
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