Cada vez mais sou adepta das chamadas "medicinas alternativas". Tenho um problema de coluna que, segundo os médicos, é crónico. De vez em quando tenho crises terríveis que me causam grandes problemas de locomoção, dores terríveis e fazem com que o simples acto de escrever no teclado de um computador se torne uma tarefa dolorosa.
Há mais ou menos um ano tive uma dessas crises fortes. Fui ao médico que me mandou tomar comprimidos, mas as dores continuavam. Então um familiar falou-me de uma terapeuta que fazia massagens e acupunctura. Apesar do receio e da desconfiança em relação às agulhas, as dores eram tantas que decidi experimentar. E ainda bem que o fiz! Lembro-me de entrar naquele consultório a mancar e de sair já a andar perfeitamente e quase sem dores. Hoje aconteceu-me o mesmo.
Quando o temos, queixamo-nos por o ter por o acharmos excessivo, mas quando não o temos queixamo-nos porque nos faz falta. Falo no plural porque me parece que não é só a mim que isto acontece.
A verdade é que estou cheia de saudades de trabalhar. Chego a ter saudades de acordar cedo, de andar a correr para não chegar atrasada, de enfrentar a cada dia um novo desafio, de contactar com pessoas, dos barulhos das escolas, das salas de professores, dos alunos, da preparação das aulas...
Já são muitos meses praticamente parada e, este mês, onde as explicações ainda são escassas, está-me a custar muito a passar.
A primeira coisa que faço quando me levanto é ir procurar os classificados do jornal, a segunda ligar o computador para ver se há novas ofertas de escola ou listas de colocações nos dias em que é suposto sairem. Depois, ao longo do dia, procuro os sites de emprego para ver se há alguma coisa que se adeque às minhas habilitações, procuro empresas de formação para enviar novos currículos.
Às vezes tenho de me dar a mim própria umas palmadas psicológicas para me obrigar a levantar da cadeira. Mas tenho de estar constantemente à procura de um projecto novo, em busca de alguma coisa que me faça sentir útil, porque não sei viver de outra maneira e tenho de me manter activa, manter a chama da esperança acesa a todo o custo.
É por isso que quase agradeço quando me pedem ajuda para fazer alguma coisa, é por isso que estou a tirar um curso de espanhol e um curso de artes decorativas, é por isso que tiro dúvidas de língua portuguesa a quem mas coloca, é por isso que dou explicações, é por isso que faço bijutaria, pinto placas e caixas de madeira, é por isso que escrevo para um jornal sem ganhar nada com isso, é por isso que colaboro em causas solidárias, é por isso que me envolvo em associações... porque se parar tenho medo de encontrar o vazio que é a minha vida.
Quando decidi tirar um curso de ensino, não pensei em fazê-lo para me tornar explicadora. Contudo, as circustâncias actuais transformaram nesta a minha ocupação actual.
Eu gosto de dar explicações porque permite uma relação muito mais próxima com o aluno, permite que percebamos se realmente ele compreendeu a matéria e permite-nos acompanhá-lo melhor.
Eu tenho tido a sorte de encontrar alunos que são também boas pessoas e já criei um vínculo com eles forte que me fez sentir saudades deles quando não lhes pude dar explicações e me fez ficar contente quando regressámos aos nossos encontros.
Há quem ainda acredite que vale a pena fazer alguma coisa para melhorar o nível cultural e social das pessoas. Há quem ainda acredite que vale a pena trabalhar em prol dos outros. Há quem acredite que vale a pena actuar.
A Associação AnonimActo acredita em tudo isto. Eu acredito também, por isso associei-me.
A AnonimActo é uma associação juvenil de arte e cultura sem fins lucrativos que pretende levar a cultura até junto daqueles que geralmente a ela não têm acesso. Cheios de vontade de trabalhar, neste momento precisamos de uma casa que nos sirva de sede. Por isso, se viver Aveiro e souber de um espaço que nós possamos arrendar a baixo custo ou de uma casa devoluta, indique-nos.
No futuro seremos muitos a agradecer esse gesto.
Vejam o blogue da associação aqui.
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