"O que há em mim é sobretudo cansaço", como escreveu Fernando Pessoa, ou melhor, Álvaro de Campos. Realmente acho que é isso: o cansaço apoderou-se de mim de tal forma que, por mais que tente e me esforce por ultrapassá-lo, parece-me que o seu peso é impossível de suportar.
E já não sei se isto vem de agora ou se já vinha de antes. Sei que o meu estado piorou muito desde que iniciei este trabalho. Tenho-me esforçado muito para me entusiasmar, para melhorar, para encontrar a estratégia certa e parece-me que todos os dias continuo a errar e a fazer exactamente o contrário do que deveria. O que se passa comigo? Porque é que não sou capaz de tomar uma atitude? Que coisa é esta que se apodera de mim e me tira as forças evitando que eu tome uma posição? Porque é que só consigo fazer isso algumas vezes e depois me acobardo?
Não sei ao certo como explicar isto. Sei que a maior parte dos dias me sinto à deriva e praticamente nada me consegue prender ou animar. Sinto-me esgotada e às vezes já não sei até quando conseguirei continuar a aguentar e a lutar por algo que me parece inatingível e nem sei bem ao certo o que é.
Estive a estudar um conto com os meus alunos em que as personagens se enfiam num barco e decidem perseguir uma estrela ao ponto de ficarem cansados, adormecerem e o barco ficar à deriva. Às vezes também me parece que ando a perseguir uma estrela e começo a sentir os braços cansados de tanto remar...
Durante muito tempo me chateei com os que me eram próximos por não acertarem com os meus gostos e me indignei com outros por dizerem que era uma pessoa difícil quando tinham de escolher alguma coisa para me oferecer.
Não percebia qual era o problema, ficava triste porque achava que as pessoas não me conheciam e não se esforçavam para me conhecer.
Mas depois descobri que o problema era meu. Eu raramente dava a entender que gostava disto ou daquilo. Raramente manifestava um desejo de ter algo ou manifestava claramente o meu gosto por uma determinada coisa ou mesmo pessoa.
Sei que essa falta de manifestação dos meus gostos e interesses se deveu a uma espécie de trauma desenvolvido entre a infância e a adolescência, por me gozarem a propósito do que gostava ou não. Mas a verdade é que isso também está relacionado com o facto de efectivamente, ao contrário da maior parte das pessoas, eu não ter desenvolvido uma tendência para uma determinada linha ou tipo de vida, mas uma tendência para querer conhecer um bocadinho de tudo e depois decidir se gosto ou não.
De um modo geral, gosto das coisas simples da vida e de aprender com os outros.
Geralmente as mudanças de calendário pouco me dizem. Desta vez é um pouco diferente porque de facto a entrada em 2008 representa um início, pelo menos a sério, de uma nova etapa profissional.
O final de 2007 trouxe grandes transformações na minha vida. Resta ver se 2008 irá alicerçar essas mudanças ou se, pelo contrário, trará uma nova transformação.
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