Resolvi "armar-me" em Professor Marcelo Rebelo de Sousa e iniciar um post semanal dedicado às minhas impressões sobre a semana.
Impressões literárias
Abriu uma nova livraria em Aveiro. Desta vez foi no Centro Comercial Glicínias. Bem organizada, tem um espaço acolhedor, e embora não me tenha causado o mesmo impacto que a Bertrand me provocou, vai com certeza ser um local onde irei vastas vezes sempre que me deslocar àquele centro comercial.
Impressões desportivas
O meu clube de coração sagrou-se esta semana campeão... da Liga de Honra. Falo do Beira-Mar, o clube da minha terra. Ontem juntei-me à festa da vitória. Na semana anterior fui mesmo ao estádio, mas interessou-me muito pouco o espectáculo dentro do relvado... Esperemos que a qualidade dos jogadores melhore para nos aguentarmos na 1.ª liga.
Impressões económicas
A gasolina aumentou outra vez. Li que num ano passámos a gastar entre 5 a 7 euros a mais para enchermos o depósito. Pelas minhas contas, gasto mais 6 euros.
Impressões noctívagas
Descobri um bar muito interessante em Aveiro: um bar árabe. Chama-se Tuareg e tem uma decoração soberba que nos transporta para ambientes exóticos e nos acompanha em viagens por terras marroquinas, através da projecção de imagens dessas terras. Não falta uma tenda e parece que às terças e quintas há dança do ventre. O forte é o chá mas pode-se experimentar outras bebidas.
Impressões laborais
Esta semana foi muito intensa em termos de trabalho, mas muito estimulante. Apareceu-me um novo projecto e deram-me a oportunidade de retomar um outro que parecia estar perdido. Estes dois factores deram-me um novo alento e uma grande vontade de trabalhar.
Surpresa da semana
O meu pai gosta de ver o Gato Fedorento. Para quem se mostrava muito céptico aquando da apresentação do programa, agora faz-me companhia no visionamento do programa e ri a valer dos sketchs humorísticos, de tal maneira que a minha mãe também já acabou por ser contagiada por este humor mais inteligente e menos banal. Mas nem sei porque me admiro tanto, afinal eles têm bom gosto.
Quando analiso a minha vida, sobretudo desde que entrei na idade adulta, percebo que aquilo que tenho conseguido fazer e conquistado se deve a uma grande determinação da minha parte. Mais do que isso, percebo que preciso de motivação para levar a cabo qualquer projecto mas que quando decido fazer alguma coisa levo-a mesmo até ao fim.
Além disso não sou pessoa de desistir. O que acontece é que por vezes faço uma pausa, fico desmotivada ou simplesmente descubro que o "timing" não era o correcto. Foi por isso que as coisas correram mal quando tirei a carta de condução: fi-lo na altura errada porque outros queriam que eu tirasse a carta e cedi à pressão familiar e social. Resultado: estive cerca de cinco anos sem conduzir. Mas depois, assim que decidi voltar a ter lições fui em frente e já não parei, apesar de pequenos reveses que entretanto tive.
Um outro momento em que este tipo de situação se deu foi quando decidi fazer dieta. Tentava muitas vezes fazer regime, cheguei a frequentar aulas de ginástica, mas depois não dava continuidade. Até ao dia em que me determinei a fazer mesmo regime. Foi preciso força de vontade, mas aos poucos consegui perder mais de 25 quilos.
Também agora tenho um projecto entre mãos que pensava já não ser possível concretizar. Tinha-me desmotivado, outras coisas atravessaram-se no caminho e faltava-me a vontade para me entregar a tal trabalho. Agora decidi retomá-lo e estou com vontade de o levar em frente, não vou desistir porque é algo que quero muito neste momento e, como me foi dada uma segunda oportunidade, vou agarrá-la com "unhas e dentes" e só vou parar quando a concluir.
Comigo as coisas parecem acontecer apenas quando têm o tempo certo de se concretizar. eu acho, muitas vezes, que elas se dão demasiado tarde, que perco tempo vital, e talvez esteja errada mas parece-me que nunca é realmente tarde.
Ando perdida em palavras do tempo anterior a esta data e isso só me faz dar mais valor a esta Revolução, cujo espírito tem de se manter vivo na nossa sociedade. Deixo-vos as palavras daqueles que também fizeram Abril.
25 de Abril
Sophia de Mello Breyner Andresen
Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo
Portugal Ressuscitado
José Carlos Ary dos Santos
(Caxias, 26 de Abril de 1974)
Depois da fome, da guerra
da prisão e da tortura
vi abrir-se a minha terra
como um cravo de ternura.
Vi nas ruas da cidade
o coração do meu povo
gaivota da liberdade
voando num Tejo novo.
Agora o povo unido
nunca mais será vencido
nunca mais será vencido
Vi nas bocas vi nos olhos
nos braços nas mãos acesas
cravos vermelhos aos molhos
rosas livres portuguesas.
Vi as portas da prisão
abertas de par em par
vi passar a procissão
do meu país a cantar.
Agora o povo unido
nunca mais será vencido
nunca mais será vencido
Nunca mais nos curvaremos
às armas da repressão
somos a força que temos
a pulsar no coração.
Enquanto nos mantivermos
todos juntos lado a lado
somos a glória de sermos
Portugal ressuscitado.
Agora o povo unido
nunca mais será vencido
nunca mais será vencido.
Abril de sim, Abril de Não
Manuel Alegre
Eu vi Abril por fora e Abril por dentro
vi o Abril que foi e Abril de agora
eu vi Abril em festa e Abril lamento
Abril como quem ri como quem chora.
Eu vi chorar Abril e Abril partir
vi o Abril de sim e Abril de não
Abril que já não é Abril por vir
e como tudo o mais contradição.
Vi o Abril que ganha e Abril que perde
Abril que foi Abril e o que não foi
eu vi Abril de ser e de não ser.
Abril de Abril vestido (Abril tão verde)
Abril de Abril despido (Abril que dói)
Abril já feito. E ainda por fazer.
Liberdade
Sérgio Godinho
Viemos com o peso do passado e da semente
esperar tantos anos torna tudo mais urgente
e a sede de uma espera só se ataca na torrente
e a sede de uma espera só se ataca na torrente
Vivemos tantos anos a falar pela calada
só se pode querer tudo quanto não se teve nada
só se quer a vida cheia quem teve vida parada
só se quer a vida cheia quem teve vida parada
Só há liberdade a sério quando houver
a paz o pão
habitação
saúde educação
só há liberdade a sério quando houver
liberdade de mudar e decidir
quando pertencer ao povo o que o povo produzir.
Como ando a ler a estudar a obra de Fernando Pessoa e seus heterónimos, escolhi este poema de Álvaro de Campos porque define. de certo modo, o meu estado de espírito actual.
O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.
A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -
Essas e o que faz falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.
Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...
E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo. íssimo,
Cansaço...
Álvaro de Campos
A Páscoa pode ser entendida como um recomeço, um renascimento, o início de uma vida nova. De alguma forma esta Páscoa voltou a ter esse sentido. Uma série de questões e de "ses" obtiveram resposta. Resta-me deixar enveredar por este novo rumo, agora que retirei algumas pedras que me dificultavam a caminhada.
Os dias têm-se sucedido a uma velocidade vertiginosa. É sempre esta a impressão que temos quando gozamos de uma pausa nas actividades laborais. No final destes períodos de pausas lectivas fico sempre com uma leve sensação de frustração pelos planos que não se concretizaram. Espero, ainda que sem fazer planos, sempre fazer mais do que aquilo que faço. Mas depois apercebi-me que tenho feito o que era mais importante: tratar de adiadas e importantes questões de saúde, passar tempo com pessoas que me são queridas, experimentar um pequeno trabalho manual, assumir e levar até ao fim um compromisso, arrumar a confusão que se foi acumulando pelo suceder rápido dos dias, recolher e pensar em actividades para o próximo período de trabalho.
No fundo, percebo que estive a tratar de coisas importantes, por muito triviais que parecessem. Até porque acabei por conseguir conciliar algumas das grandes prioridades da minha vida: saúde, família, amigos, trabalho. Ainda me sobram uns dias para preparar alguns instrumentos facilitadores da minha vida profissional e tratar de algumas questões que ainda não estão resolvidas na totalidade.
Às vezes o coração parece querer sair-nos pela boca, outras parece que pára. Muitas vezes isto acontece-nos por questões emocionais, de nervos ou físicas. Quando nenhuma destas razões parece justificar palpitações e fadiga extrema é caso de alguma preocupação. E, realmente, havia algum motivo para ter estes sintomas. Ao que parece, a minha máquina tem um defeito numa válvula: não veda como deveria e permite que o haja um refluxo sanguíneo. Ainda assim, este defeito na peça, não causa problemas de maior ao funcionamento da máquina e, por isso, os pouco visitantes que por aqui aparecem, podem continuar a contar com as impressões.
Bom, mas o sentido deste artigo não é falar dos meus problemas de saúde, se eu fosse falar ou ligar a todas as coisas que os médicos me dizem que tenho estava lixada e quem ainda me lê já tinha desistido por causa da grande seca que isso seria. Falei neste problemita, porque para que mo descobrissem tive de fazer um ecocardiograma e foi interessante ver e ouvir o meu coração. Claro que não se vê nítido como quem vê um filme, mas dá para perceber as batidas e deu para escutá-las. Fala-se tanto em escutar o coração, pois eu hoje, literalmente escutei o meu.
O episódio é no mínimo estranho. Ainda estou na dúvida se não teria sido alguém a brincar comigo. Recebi uma mensagem escrita no meu telemóvel, na linguagem dos "x" e dos "K" a perguntar quem eu era. Estranhei não só pelo facto de desconhecer o número, como pelo facto da linguagem utilizada que deduzi ser de adolescente. Não liguei, pensei que tivesse sido algum engano. Mais tarde a pessoa voltou a insistir: 3 mensagens a perguntar se eu não dizia nada. Resolvi responder dizendo que também não sabia de quem era o número. Recebo mensagem de volta: dizia que eu tinha mandado um yorn e queria saber quem eu era. Repliquei dizendo que não tinha enviado nada e para desfazer equívocos, não fosse por algum engano ter tocado nalguma tecla, disse o meu nome. De volta recebo uma mensagem dizendo que não me devia conhecer, mas querendo saber quem eu era. Eu respondi. Disse que devia ter havido um engano e pedi desculpa dizendo que não ia responder a mais nenhuma mensagem. Recebi, como resposta uma série de insultos alegando que eu é que tinha enviado um yorn.
O que eu queria saber é o que é um yorn? É que por esse nome só sei que se trata de uma espécie de "filial" da Vodafone. Além disso pergunto-me: como é que alguém teve acesso ao meu telemóvel? Será que alguém usou o meu número? Para já vou verificar a minha factura detalhada e estar atenta ao meu saldo...
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