Já aqui falei várias vezes dos meus passeios à beira do mar. Mais uma vez hoje fui até Cascais e, em vez de regressar de comboio, acabei por fazer o percurso todo a pé. Contemplar o mar faz-me sempre bem e como estou prestes a entrar numa nova fase da minha vida, é sempre bom reflectir um bocado.
A distância ainda é longa (mais ou menos 4 km), mas decidi adoptar o exemplo de algumas pessoas que comigo se cruzavam e liguei o mp3. Não sei se vos consigo transmitir a tranquilidade que senti, mas fechem os olhos e imaginem o mar, o sol a pôr-se, liguem as colunas de som e ouçam esta música:
Nos últimos tempos tenho estado condenada aos 4 canais da televisão nacional. Como vivo sozinha, a televisão acaba por ser uma forma de sentir alguma companhia e estou de tal forma habituada a esse ruído que dela emana, que já não prescindo.
A cinquentenária RTP desiludiu-me nos últimos dias. Primeiro, com uma gala extremamente mal feita, depois com o excesso de entrevistas a políticos (não há pachorra) e mais ainda com o pior Festival da Canção de sempre (e eu que pensava que depois do ano passado não se podia piorar). Quanto a este último programa não sei se devo imputar à televisão estatal todas as culpas, parece-me que merecem uma parte da responsabilidade a falta de criatividade dos músicos portugueses e a falta de gosto musical dos portugueses.
Para dizer a verdade não me admirou que ganhasse a música pimba, pois quem é que se dá ao trabalho de pegar no telefone e gastar dinheiro para votar numa das 10 amostras de música que foram apresentadas? Só mesmo aquelas pessoas que se percorrem quilómetros atrás de cantores como o Tony Carreira ou o Emanuel (o produtor/ compositor da música). Terão sido os vestidinhos dourados a encantar os telespectadores? Ou as perninhas da menina? Cá para mim foram mesmo os bailarinos (principalmente a bailarina loura) a lembrar que este é um povo que gosta muito de dançar. Mas temos de reconhecer que a música fica no ouvido e como lá fora são tão pimbas como nós, se a música tiver uma versão em inglês, quem sabe?
O vídeo tem má qualidade, mas fica aqui para quem não viu e quer ter uma ideia:
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E quando eu pensava que o topo dos programas maus da TVI era o Fiel e Infiel e que já não se podia descer mais baixo, eis que aparece A Bela e o Mestre, ou lá como se chama aquela coisa. Realmente é impressionante como as pessoas são capazes de se humilhar para aparecer na televisão. Eu cá para mim aquilo é, de certa forma, encenado. Não consigo acreditar que aquelas meninas fossem tão burras, nem me parece que aqueles homens tenham assim tanta falta de gosto. Expliquem-me como é que aquelas meninas, se sujeitaram a uma prova de conhecimento / humilhação geral, enquanto se sentavam numa mesa e mostravam as pernas? E o que leva um tipo formado em engenharia a mostrar as cuecas?
Quão baixo estarão ainda as pessoas a descer para aparecer na televisão? Temo a resposta.
Uma conversa com a minha senhoria e uma reportagem televisiva levaram-me a estas impressões.
A minha senhoria tem 37 anos e é solteira. Já perdeu a mãe e resta-lhe um pai doente. Tem alguns primos, mas vive afastada deles. Disse-me que quando o pai adoeceu começou a pensar que ia ficar sozinha no mundo e que seria muito melhor ter irmãos com quem partilhar o sofrimento e a preocupação com os pais.
Eu às vezes também penso nessa coisa do "ficar sozinha", mas sinceramente não me assusta. Isto porque constituir família não é sinónimo de protecção na velhice como algumas pessoas podem pensar. Uma reportagem acerca de um problema num lar de idosos veio mostrar isso: alguns filhos recusaram-se a receber os pais e outros abandonaram-nos num lar sem condições e nem sequer deixaram os contactos.
Infelizmente muitas famílias deixaram de o ser. Vivemos no mundo do egoísmo e do egocentrismo. Cada um pensa por si e vive para si e o "valor" do consumismo sobrepôs-se a todos os outros.
Pais exercem violência sobre os filhos. Os filhos batem nos pais. Os filhos têm medo dos pais. Os pais têm medo dos filhos. Os filhos exigem dinheiro e roupas de marca aos pais. Os pais dão-lhes tudo para compensar os filhos. Os filhos não respeitam os pais. Os pais tentam comprar o respeito dos filhos. Eis um pequeno retrato do que de anormal vai acontecendo na nossa sociedade.
Um dia julguei que te amava
Olhei para ti com olhos de quem ama
Ou pelo menos como imaginei
Que quem ama deve olhar
Depois percebi que te olhava
Mas não te via
Via a imagem criada de ti
por mim
Mas a dor que senti
chegou do desprezo que percebi
nos teus olhos
E fechei os sentimentos todos
Afastei-me, mas sem deixar de gostar de ti
De vez em quando vens-me à ideia
transportado por um som, um livro, uma paisagem
e penso no que será feito de ti
e acredita
talvez por ainda gostar de ti tanto
desejo sempre que estejas feliz
afinal de contas para mim foste o amigo
que perdi
sem nunca ter tido
Afinal ainda fico aqui mais duas semanas e uns dias, ou seja, até ao final do período lectivo, assim que fizer a avaliação dos alunos.
É bom porque andava aqui já a planear noitadas... para corrigir a pilha de testes que tenho aqui em casa.
Mas sei que
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