Este tem sido um ano estranho (ano lectivo). Estive desempregada 3 meses, trabalhei 4 meses, voltei à situação de desemprego.
Para algumas pessoas esta até poderia ser uma vida de sonho: estar de "férias" grande parte do ano. Mas garanto que isto para mim não é nenhum sonho e só não é um pesadelo porque me tenho mantido activa e encaro tudo isto de um ponto de vista positivo, na minha filosofia de que há sempre uma bonança depois da tempestade e até as paragens podem ser positivas.
Mas há momentos em que tenho muitas saudades de dar aulas e, em especial, dos 4 meses que passei na zona do Estoril.
A razão destas impressões ligeiramente nostálgicas é ter visto na televisão um dos meus ex-alunos. A turma dele era a minha preferida e guardo com muito carinho a fotografia que me ofereceram deles quando vim embora. Lembrar-me deles faz-me sorrir. São recordações lindas e são só essas que conservo dentro de mim. Ainda bem que pude viver esses momentos.
Na minha cidade sinto muitas vezes que em termos de ofertas culturais ou há tudo ou não há nada. Regra geral, os espectáculos parecem estar reservados a uma certa elite, não só pelo facto de serem caros, mas também por a selecção ser feita para agradar a um reduzido grupo.
Ora, no sábado passado a cidade estava recheada de ofertas culturais interessantes: actividades no museu de Aveiro, aberto até à 1 da manhã; aniversário da Casa Municipal da Juventude e, entre outras, a peça "Arranha-Céus". O coração levou-me para esta última, isto porque quem estava em cena eram os meus antigos colegas de oficina de teatro. O espectáculo foi melhor do que o que alguma vez podia imaginar e senti uma certa tristeza por não estar do outro lado. Mas o mais triste para mim é que os meus colegas, depois de tanto trabalho, só tenham levado a cena a peça durante dois dias. E porquê? Porque se trata de um grupo amador a utilizar um espaço cedido por um grupo semi-profissional e que, até hoje, nunca tinha tido a sala cheia, como aconteceu no último fim-de-semana.
É pena que se proteja tão pouco quem se dedica à cultura desta forma e, principalmente, que estes jovens tenham tido tão poucas hipóteses de brilhar.
Há já alguns dias dois autores de dois dos meus blogues favoritos, o Mauro do Cognosco e a SaltaPocinhas do Fábulas, nomearam-me com este prémio, por considerarem este um blog que os faz pensar.
Só tenho de agradecer a nomeação que tanto me lisonjeia, até porque ultimamente não tenho escrito nada aqui de interessante.
E cabe-me a mim nomear 5 blogues. Depois de muito pensar, aqui ficam os vencedores:
Peço desculpa a quem ler este artigo pelo seu tom um pouco melancólico, mas é assim que me sinto hoje.
Tenho uma família pequena. Filha única, neta única pela parte materna, tenho 2 tios direitos e 4 primos que raramente vejo. Por muito que os laços afectivos me unam a estes familiares, exceptuando a minha prima, a minha família mais próxima além de pais e avós maternos, foi aquela que tive a sorte de a vida me dar a conhecer. Calhou um primo da minha mãe ser criado pela minha avó para fazer as vezes de irmão mais velho e ao lado da minha avó morar uma família com quem sempre tivémos excelentes relações. Zete, a mãe, foi uma avó para mim, Nela, a filha mais velha cuidou de mim quando era pequenina e tenho por ela uma ternura que sou incapaz de descrever e a filha mais nova é a minha madrinha.
A morte da Zete foi muito penosa para mim. Ela foi morrendo aos poucos, nos últimos anos já não me conhecia, repetia-se, dava-me outros nomes, mas conservava o mesmo sorriso. Quando me lembro dela é desse sorriso.
Hoje fui ao funeral do marido da Nela. Ele vivia na Alemanha, vinha cá só de vez em quando visitar a mulher. Era um homem alegre, brincalhão que me ofereceu os melhores brinquedos que tive na infância, que me proporcionou uma viagem de descapotável, que me fazia rir. O que mais custou nesta morte súbita foi a minha incapacidade para consolar a Nela. O que dizer? O que fazer? Custa tanto ver alguém de quem gostamos a sofrer. Resta-nos dar um abraço e um beijo e mais nada...
Hoje não consegui de deixar de pensar nos meus mortos. Em especial nos meus avós paternos que não pude conhecer como gostaria e na Zete. Como dizia alguém "Recordar é viver" e lembrar-me deles é a melhor homenagem que lhes posso fazer. De cada um guardo uma memória especial: as palavras da minha avó quando numa tarde de sábado esteve a ver comigo um filme e gostou, o olhar peculiar do meu avô e a última vez que o vi, o sorriso da Zete.
Além de tudo isto, não me largou o resto do dia as palavras do padre na cerimónia: "Só temos esta vida". Quando nos lembram isso e, em momentos como este, reconhecemos como somos pequenos e frágeis e como desperdiçamos o nosso tempo de maneiras tão fúteis, como é uma perda de tempo chatearmo-nos com as pessoas por coisas pequenas, como temos tantas vezes as prioridades viradas do avesso.
E por isto tudo, hoje andei zangada comigo própria por andar a desperdiçar a vida e não a fazer aquilo que queria e deveria, por não aproveitar mais o tempo para estar com aqueles de quem gosto e mostrar-lhes o quanto os amo.
A morte faz parte da vida. E de uma forma ou doutra, e de formas que não quero hoje aqui confessar, os meus mortos têm-me dado vida, embora preferisse ainda tê-los aqui comigo, tal como preferia morrer primeiro para não ficar sem aqueles que fazem hoje parte da minha vida, mas não sou eu quem decide, por isso resta-me continuar a gozar todos os momentos em que estamos juntos e esforçar-me por aproveitar bem a vida. Afinal só tenho esta vida.
Toda a gente já ouviu falar do programa Novas Oportunidades lançado pelo Governo. A campanha tem sido alvo de críticas e, em parte, com algum sentido. Mas, a ideia central até é bastante interessante: valorizar e certificar aquilo que se aprendeu ao longo da vida. Claro que isto também é uma forma de tapar os olhos à União Europeia e melhorar as estatísticas, mas no que diz respeito à minha experiência pessoal, já vejo alguns benefícios. É que os meus pais inscreveram-se no programa e eu tenho estado a ajudá-los.
Entre o entusiasmo da minha mãe e as "resmunguices" do meu pai consegui já que fizessem alguns progressos: já mexem no computador! A minha mãe anda entusiasmada. Quando me apanha fora do escritório, senta-se sozinha à frente do computador e tecla a tecla põe-se a escrever.
O meu pai é um aluno muito interessante. Tira imensos apontamentos e é divertidíssimo vê-lo a agarrar no rato com aquela mão de dedos grossos e acostumados a coisas duras e não delicadas como o rato do computador.
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