Só para me recordar que não devo ter medo de sonhar...
Pedra Filosofal
Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.
eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.
Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.
Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida,
que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.
António Gedeão, in Movimento Perpétuo, 1956
Tenho saudades de mim própria. Sei que parece absurdo, mas tenho saudades daquilo que fui. Às vezes pareço uma pessoa diferente que permite apenas que de vez em quando apareça o meu verdadeiro eu.
Mas afinal qual será a verdadeira face?
Do que tenho saudades é da Paula risonha que aparecia nas fotografias da minha infância. Da Paula que gostava de pregar partidas às colegas e que era repreendida por rir às gargalhadas. Da Paula que passava por tonta, por estar sempre a rir e que contagiava os outros com esse sorriso.
Não gosto desta Paula constantemente triste, descontente com a vida. Não gosto dela, mas é ela que está sempre a aparecer e não a outra. Mas preciso de ser a outra. Preciso de recuperar a minha alegria, o meu sentido de humor.
Mas é tão difícil. Tudo à minha volta parece-me negro e as pessoas de quem mais gosto parecem ter sido arrastadas para esse buraco.
Por isso, às vezes até penso que sou eu que atraio as pessoas para essa negridão, de tal modo que me passa pela cabeça afastar-me delas, para que não acabem contagiadas por esta onda de má sorte e tristeza.
O meu blogue Em Português Correcto ficou em quinto lugar no concurso de páginas da Internet "Tou na Net". Não é que seja uma grande proeza e este prémio não me traz compensações de nenhum tipo, mas não pude deixar de ficar orgulhosa por ver o meu trabalho reconhecido.
Já nem me lembrava de me ter inscrito neste concurso até hoje ter recebido um telefonema a anunciar-me que tinha ficado em quinto lugar.
Fui à procura da página com as informações e verifiquei que o meu blogue foi o primeiro a surgir numa lista de vencedores com "verdadeiras" páginas de Internet, o que ainda acresecentou mais o meu orgulho.
E de entre 102 concorrentes, ficar em 5.º lugar, só me pode dar motivos para me sentir satisfeita e continuar a fazer este trabalho. Pode não me dar lucros em termos económicos, mas garanto-vos que lucro muito mais com ele do que com a minha actividade profissional actual.
Obrigas-me a beber os bons momentos
de um trago
a deixar tantas palavras por dizer
a interromper o prazer
Fazes correr céleres
os melhores minutos do meu dia
e tiras-me a alegria
pois fica a saudade e a tristeza
da ausência
Mas por ser assim
fazes-me dar mais valor
a cada segundo
em que ficamos juntos
E às vezes parece que páras
pelo menos por uns segundos
Ontem fui ver este espectáculo no Cine teatro de Estarreja. Adorei! Foram cerca de duas horas de momentos hilariantes, de excelentes interpretações que me surpreenderam bastante.
Não consigo esquecer o Miguel Guilherme vestido de mulher, num sketche em que José Pedro Gomes se desmanchou a rir, mas acabou por mostrar porque é um grande actor.
Mas houve muitos outros bons momentos, como o concurso "Pancada na cabeça".
Mas acho que a imagem com que vou ficar sempre é a do início do espectáculo.
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